Tatiana Félix *
Adital -
"A ecologia na Igreja surge através dos pobres". É com esta afirmação que o coordenador - e um dos criadores - da Pastoral da Ecologia, Irmão Antônio Cechin, costuma se referir ao trabalho de criação da entidade em 2001, no Rio Grande do Sul. "Nós começamos a Pastoral a partir do trabalho dos catadores de resíduos sólidos", informou.
Segundo ele, os catadores começaram a trabalhar na seleção de materiais recicláveis, por volta da década de 80. Desde então, disse, "o pessoal começou a dar valor e visibilidade ao lixo. O catador passou a definir os detritos como matéria prima acumulada e não como lixo".
Inspirados na vida do profeta Jonas (do antigo testamento bíblico), irmão Antônio explicou que os catadores, que estão na camada mais pobre e excluída da sociedade, realizam seu trabalho como uma denúncia ao grande acúmulo de lixo produzido pela sociedade, que gera a poluição ambiental.
De acordo com irmão Antônio, existem cerca de 100 galpões de reciclagem em todo o estado do Rio Grande do Sul. Para ele, estes locais são o encontro de ‘irmãos’, que ele chama de Comunidades Ecológicas de Base, em apologia às Comunidades Eclesiais de Base, reunião de pessoas das comunidades que estão ligadas à Igreja Católica.
Os resultados da coleta e reciclagem de resíduos podem ser conferidos através dos benefícios ao meio ambiente. Uma tonelada de papel ou papelão devolvida à indústria, por exemplo, evita que 25 árvores adultas sejam derrubadas para produzir papel, explicou Antônio. Da mesma forma, uma tonelada de latinhas de alumínio preserva cerca de 12 toneladas de minério de bauxita na natureza.
Além do apoio ao trabalho desenvolvido por catadores e catadoras, a Pastoral realiza também a Romaria das Águas, sempre na data de 12 de outubro. Nesta ocasião é feita uma coleta da água nas nascentes dos rios, pela população ribeirinha de nove sub-bacias do estado, conforme relatou o coordenador da Pastoral.
Então, essa mesma população é convidada para levar a água pura da nascente até a capital do estado, Porto Alegre, para que todos juntos derramem a água límpida nas águas poluídas do rio Guaíba. "É uma denúncia que fazemos sobre a poluição que a população causa às águas dos rios", ressaltou. "Lutamos pela despoluição", completou.
Outras iniciativas que visam concientizar a população e, principalmente, preservar o meio ambiente, são incentivadas pela Pastoral da Ecologia. Segundo irmão Antônio, a entidade estimula a coleta de óleo e azeite queimado para a produção de sabão. "Um litro de óleo ou azeite corrompe um milhão de litros de água", esclareceu.
Por fim, Irmão Antônio faz um apelo "para que todos os brasileiros que olhem com o máximo de carinho para esses pobres, os últimos da camada da população, que são os catadores, porque, assim como disse o ex-ministro do Meio Ambiente, José Lutzemberger: um só papeleiro, um só catador, faz mais pelo Brasil do que o próprio ministro do Meio Ambiente".
* Jornalista da Adital
Conheça a Pastoral da Ecologia através do endereço: www.pastoraldaecologia.blogspot.com/.
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