O presidente do Egito Mubarak tem dirigido seus discursos aos jovens da cidade do Cairo, estes estão sendo protagonistas de um grande movimento de reação frente a ditadura implantada pelo presidente Mubarak a mais de trinta anos. O que significa dizer que quando fora eleito presidente a maioria dos manifestantes nem tinham nascido.
A força de expressão que brota da juventude na Praça Tahrir representa algo de singular importância na história. Mais uma vez a humanidade vê-se na possibilidade de reverter um quadro político antidemocrático com o protagonismo de jovens que representam mais de um terço da população do Egito e que se encontram em situação de total exclusão e abandono frente a políticas públicas direcionadas a estes.
Em outros momentos da história a juventude marcou passo para que situações de opressão de abuso de poder fossem superadas. A juventude de 68, que se coloca a frente das marchas gritando contra as ditaduras latino-americanas e no mundo. Mesmo antes, o mundo operário é sacudido no século XIX pelas organizações sindicais urdidas por sindicalistas na sua maioria jovens. Os movimentos revolucionários anti-nazismo, anti-fascismo, a revolução cubana, as revoluções camponesas das décadas de 40,50 e 60 tiveram mãos externamente jovens à frente, podemos citar lideres como Fidel Castro que até hoje lidera o comunismo na ilha de Cuba, jovens como Lula, Luther King, entre tantos lideres que puljaram lutas em favor da democracia e da vida contra opressão e tortura de militantes companheiros.
Cairo é uma prova viva de que esta juventude não está adormecida vendo as atrocidades e torturas e silenciando-se, pelo contrário há um movimento que poderá trazer à tona a esperança ao povo grego que a mais de trinta anos caminha sob o regime de uma ditadura. O século XXI não significou a morte das consciências conforme desejavam alguns, nem o adormecimento de nossa ousada juventude.
Esse espírito juvenil que faz com que as manifestações ganhem corpo é típico de quem é diretamente atingido por uma política que não pensa nos jovens e que não permite que estes se organizem. A novidade é há trinta anos quando o presidente Mubarak fora eleito não havia a expressão da internet nem da globalização tecnológica, a juventude do Cairo soube usar desses instrumentos que tantas vezes são utilizados para alienar nossos jovens, transformando-os em instrumentos revolucionários.
A lição que vem do Egito é a mesma lição bíblica trazida por Moisés a mais de cinco mil anos, e coincidentemente do mesmo país, de que a humanidade não suporta injustiças e lições de desumanidade, e que é preciso à organização do povo para superação destas realidades, nosso conformismo, comodismo e individualismo nos levará a destruição e o caos. É preciso a audácia do jovem Moisés de organizar o povo e caminhar.
Que as lições vindas da resistência juvenil do Cairo sirvam para nos mostrar que ainda temos muito o que fazer para que o mundo seja efetivamente mais humano.
Renato Munhoz, o Transcendentalizador
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